O BOM DE AMAR

O céu, em dias de chuva,

Na caverna das estrelas se esconde,

E dos mil séculos o sono dorme,

Se apaga lentamente e do universo adormece...

Lentamente a lua, em penumbra e triste sorriso,

Descreve círculos em sonhos submersos sem juízo,

E desaparece tragada por quem anda só na terra,

A viver noites de insônia, como se fosse um castigo...

De pé, à espera de um táxi para me levar,

Encharcado de chuva e sem vontade de pensar em nada,

Aceno, entro, digo "siga a estrada...",

O barulho das rodas nas poças e a música no rádio

Tomam conta de tudo, as luzes voam pela janela...

Como se acordasse de repente sinto que não estou só,

Devagarinho, como um chá quente a me aquecer, penso nela...

O mundo começa a ficar colorido, os sons se enchem de azuis,

Sei que não vai demorar, estarei daqui a pouco ao seu lado,

Escutarei as histórias que ela escreveu e que gosta de contar,

O mundo roda mais depressa, o coração acelerado

Diz-me que isso acontece porque é bom amar.