Portanto...

E ainda sim onde meu rosto chora

Transbordando a emoção tão pura

Por entre meu olhar, que outrora

Luzia de amor a mente escura.

E tingido por um lúgubre desejo

Que esmorece enquanto silencia

Nas noites tristes ainda almejo

Nos ouvidos, ter sua voz macia.

Enquanto a outrem dás amparo

O abandono afaga a pele morena...

Mas tão efusivo que até reparo...

A dor a que o amor me condena.

E tudo que eu diga, será infame

Ao transpor metódico o que sinto

Entre os erros, que você reclame

Devaneio terá mais que o absinto.

E talvez me conheças tanto quanto

Entre as vidraças que o tempo embaça

Mesmo com as cortinas que levanto

Pra não veres o que meu peito passa.

Mas se porventura te amar for jura

Que arrasta contra os dias, sua força

Não sei se presente ou uma tortura

Pois não muda mesmo quanto torça.

Em um passo certeiro, vou sem ré

Sem que os teus olhos me vejam...

De um jeito novo pude reter a fé..

Buscando sol onde os céus trovejam.

Noemi Prates
Enviado por Noemi Prates em 16/01/2009
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