O espaço que persiste entre nós dois
O espaço que persiste entre nós dois
A minha pátria é este canto
Onde me requebro inquieto
Esta ausência de luz
Onde me escondo de ti
E te encontro em segredo
Minha pátria é este vácuo
Onde constato a tua ausência.
Um irreconhecido medo
Lar do mais inóspito frio
Onde não penetra a primavera
Sei que, ao buscar, me refugio!
Sei que tanto amar já me confina
E que, submisso à rebeldia
Espero, já sem crença, que esse dia
Que mora nos teus olhos, me amanheça!
Busco-te sem que saibas
Mas desejando me descubras
Como a caravela às Américas
Como a Gália, a quem Joana
Impôs sua predestinação
Sinto o frio precipitar
Neste abismo que m´ofertas
Os pés, inda presos, dilaceram
E a alma, já moldada à pele
Sente-se nua sem o seu vestido
Somente assim, despido
Haverás - se é que hás -
De me encontrar um dia
Enquanto isso, a ilusão
Há de preencher com sonho
O espaço que persiste entre nós dois.
(Djalma Silveira)