ÁGUAS E LIBERDADE

O simples viver por viver,

Passando os dias sem sua presença,

Respirando apenas para nutrir

Esse corpo sem sentir seu calor,

Fazem minhas lágrimas seguirem

Um curso obscuro de minha sentença

Talvez sejam eternas

Porque esses dias são infindáveis

Fecho os olhos para não presenciar

O dia anoitecer

Adormecer é consequência

Do organismo cansado

E já quase escasso

Das salgadas gotas intermináveis

A mente aguça a pineal

Mas nem consigo mais te sonhar

Nessa minha fase presidiária

A lembrança torna-se colméia

E cada poro na carne

Parece-me a sina fatal

Desse incansável sentimento

De somente te amar

Peço-lhe a chave dessa prisão

O entrelaçado das garras

Faz-me sentir como uma fera

Que somente a liberdade

Deste sofrido coração

Deseja sempre sentir

Seu cheiro, sua aura, sua alma

E somente o hábeas corpus

Dessa situação

Terá nova vida

E que a saudade seja

Algo de um passado

Apenas de expiação