Você

Sobre uma torre de gracioso porte

A noite escoa em gentis madeixas;

Tulipas negras de perfeito corte

Bailam, alheias, às sentidas queixas.

Daquele corpo, à cor rubi tonado,

Nem que me esforce, esquecerei jamais;

Se olho a flor, lembro o fruto sazonado

E me desdobro em profusos ais.

Ante teus pés eu me quedei cativo

E desde então, me libertar não quis;

Embora prisioneiro, sou feliz.

Partilhas o mesmo teto em que vivo;

-Que ironia! – hoje, vens dizer-me: “meu bem,

Ao te fazer preso, me prendi também”.

José Fernandes
Enviado por José Fernandes em 18/04/2006
Código do texto: T141233