Você
Sobre uma torre de gracioso porte
A noite escoa em gentis madeixas;
Tulipas negras de perfeito corte
Bailam, alheias, às sentidas queixas.
Daquele corpo, à cor rubi tonado,
Nem que me esforce, esquecerei jamais;
Se olho a flor, lembro o fruto sazonado
E me desdobro em profusos ais.
Ante teus pés eu me quedei cativo
E desde então, me libertar não quis;
Embora prisioneiro, sou feliz.
Partilhas o mesmo teto em que vivo;
-Que ironia! – hoje, vens dizer-me: “meu bem,
Ao te fazer preso, me prendi também”.