AQUELE VERSO
Quem sabe, num verso, ou dois
Três ou quatro, ou sei lá quantos
Desse-me somente uma chance
De dizer-te o que sinto
De mentir-me que não te amo
De amar-te quando minto
Quem sabe, num quando desses da vida:
Ponteiros de um tempo qualquer
Deixe-me cego de ver e surdo de ouvir
Solte-me das amarras do medo
Rasgue-me a boca o verso mais louco
Desnudando-me desse segredo
Quem sabe, o meu passo curto
Se alongue nessa caminhada
Desbrave o sertão da incerteza
Ferindo-me mas, indo em frente
Na languidez do caminho
Serpenteando a corrente
Quem sabe, eu tome coragem
Ou uma bebida qualquer
Que me faça embarcar na viagem
Louca tentação do desejo
De ter-te, de ser-te, de sermos
Felizes no instante de um beijo
Quem sabe, num tempo inverso
Inverta-se minha sanidade
E o louco, que em mim navega
Navegue dentro da chama
Despudoradamente feliz
Na desfaçatez de quem ama.