Das cinzas

Silêncio!

Em silêncio quero estar.

Alma enfim apaziguada

qual imenso lago,

onde a brisa vem flanar..,

Uma brisa leve,mais nada.

Nem mesmo breve afago,

me venha despertar.

Quero a quietude morna

das frias noites de serão,

e o silêncio profundo

que aos lagos adorna...

Basta-me, o galardão,

de todos amores do mundo

enterrados no coração.

Já vivi aos vagalhões,

aos bramidos do mar,

aos arroubos das paixões,

sem jamais me saciar...

Quero hoje,enfim

o esperado silêncio eterno...

Que venha das esferas siderais

nas asas de um querubim

e ao seu ósculo terno,

eu tenha sonhos divinais...

Mas...se um vento incandescente,

beijando as verdes palmeiras

teus beijos quentes relembrar...

Ah! nem mesmo o sol poente,

ou, da noite,as estrelas primeiras,

poderão meus sonhos sustentar.

Aínda que esteja morta,

acolhida nas entranhas do chão,

voarei nas asas do beija-flor...

Entre tantas, acharei tua porta...

E, a tí,darei meu novo coração,

trazido das cinzas do nosso amor!