Clarão do sol

A tua imagem , como clarão do sol

em tardes de outono

surge a queimar , a fazer casa

nessse lodaçal que em meu peito vive;

por que retornas ( sem convite expresso )

a visitar a alma que deixaste em brasa ?

Acaso não sabe

do temor que sinto ;

da lágrima que a tua doce

( e pernóstica ) face

sei há de causar ?

Acaso não sabe

da solidão retinta ;

da quimera que o teu vivo

( e inconstante ) fantasma

sei há de causar ?

Acaso não sabe

da noite gélida :

da intempérie que a tua furtiva

( e devastadora ) lembrança

sei há de causar ?

Não . Não sabe .

Não há mais de ti em meu mundo .

Há apenas a tua imagem , clarão do sol

em tarde de outono

que surge a queimar , a fazer casa

no lodaçal do meu peito

que retorna ( sem convite algum )

a visitar a alma que deixates em brasa .

Reginna Sampaio e Sílvio Eduardo Paro

De todas as parcerias que faço a que mais me comove são as feitas com Sílvio Eduardo Paro , não apenas por ser ele um de meus poetas favoritos , o meu Maiakóvski como costumo dizer , mas também

pq sei que nossos raros encontros são encontros de alma irmãs .