PRANTO
Sábios existem em todo o canto
Pensam e refletem. Uns demais, outros nem tanto
Mas nenhum que eu conheça, no entanto
Soube me explicar o real valor do pranto
Muitos me disseram seguramente
Pranto é a limpeza da alma da gente
Outros se desculparam e disseram igualmente
Pranto entristece o coração levemente
Perguntei então aos mestres
Guias das almas humanas
Nenhum soube responder-me
Pranto é coisa mundana
Continuei assim minha busca
Queria saber a verdade
Um padre me disse de forma bruta
Pranto é o fruto da maldade
O monge indagou com toda sua razão
Pranto é causa e efeito da iluminação
O espírita, por sua vez, retrucou com emoção
Pranto é evolução do coração
Obtido através da reencarnação
Dentre tantas diferentes opiniões, conheci um ateu
Que me respondeu
Pranto é ciência de quem adoeceu
É reflexo no corpo de quem se aborreceu
Os crentes choram passivos
Convencem-se de que é vontade de Deus
Mas mesmo assim ficam apreensivos
Na hora de dizer adeus.
Em meio a tantas respostas
Sejam curtas, sábias ou dadas sem pensar
Resolvi em meu íntimo, depois de horas inexatas
Simplesmente parar de perguntar
Descobri que pranto é bom e mal
Trata-se do equilíbrio da natureza
Chora-se na alegria e no momento crucial
E tanto atrai ou afasta a tristeza
Percebi que chorar
Não resolve nem supera o que tenho que passar
Mas se a lágrima faz tudo isso que me disseram
Eu hei de deixá-la derramar
Quem sabe dessa maneira
Encontre a resposta ao meu pensar
E qual é a razão do pranto, Deus queira
Eu nunca mais irei questionar