A GEOMETRIA DO AMOR
Quero deitar-me ao teu lado
Como duas retas paralelas
Que se encontram no infinito
E traçar-te uma perpendicular
Em teu ponto médio
Para formarmos uma cruz
De braços ortogonais
Que se cruzam com fervor
No mesmo ponto de luz
Quero recostar-me em tua hipotenusa
Para envolver-me no ângulo aberto
Dos teus catetos arfantes
Para traçar-te uma bissetriz
De segmento infinito
E tocar-te o ângulo reto
Vamos unir nossos triângulos
De vértices opostos
E gerarmos um polígono
Em forma de estrela amante
Com seis pontas inteiras
E doze lados pequenos
De cujo ponto em comum
Partem os raios externos
De círculos concêntricos
Que vão colorir o conjunto vazio
De pontos e linhas, retas e planos.
E o universo inteiro – que era vazio
Tornou-se a origem de um rio
Que flui para frente e adiante
E volta ao mesmo ponto inicial de antes.