AS ALMAS SEPARADAS
Minha alma perdida,
Onde estás – que eu não vejo?
Nem escuto a tua voz
Eu sigo os teus passos
Mas não vejo a tua luz
Nem escuto tua sombra
Não consigo dormir
Sem que eu escute o teu sono
A varar-me as horas
De quem busca por ti
Todas as noites e dias
Em todos os mitos e sonhos
Vou caminhando para frente
Até que o fim eu alcance
Para ter-te ao meu lado e sempre
E consiga olhar-te em mente
Sem uma palavra a dizer-te
E um silêncio a calar-te
Eu clamo por ti toda hora
E grito o teu nome
A todo instante
Mas tu nada me dizes
Com tua boca fechada
E teus ouvidos calados
Por que não queres me ouvir?
Nem sequer me escutar
As palavras que eu tenho
Pra te revelar:
Reclina tua cabeça em mim
Escuta o som do meu peito
Do meu coração a se extinguir
E de todo o meu ser
A querer-te clamar
Por um batismo de fogo
E um ritual de amor
Imersos na mesma água
Como duas almas gêmeas
Fecundas no mesmo útero
Somo como duas crianças
Do Arcano do Sol
E do signo zodiacal – de gêmeos
Atadas ao mesmo cordão
Unidas na mesma placenta
Trocamos amores constantes
E nos amamos de forma intensa
Mesmo que o destino nos separe
Aos dois lados da vida extrema
Um dia retornaremos
Dividiremos o mesmo instante
Repartiremos a mesma face
E regressaremos – infantes
À mesma morada de antes.