Poesia (quase) Romântica

Ai, vem os anos! Ai, vão-se os anos! Ah!

Eu vou lhe escrever uma carta-mortis, um post-scriptum.

Eu vou dizer tudo que é indizível.

Que não cabe neste tempo-espaço.

Que foi excluído, rasgado, destruído, jogado em baixo do tapete.

E vou re-velar por mim e por ti.

Eu vou marcar o papel com a minha tinta, com aquelas lágrimas.

Pra você saber ainda outra vez, mas desta vez sem o encanto e o desencanto.

E só quando estiver bem bem distante, você lerá.

Se não desta forma há outra. Aquela que espera, que deixa o tempo fazer por si.

E então quando disseres, eu direi.

Direi com gosto, com paixão.

Não vou revelar nada. Nem das fotos, nem dos sentimentos.

E você não lerá, não verá, não ouvirá.

Para que não o perca tão tarde, tão cedo ainda.

Eu não preciso mais. Nem você.

Tudo tem uma certa tranqüilidade, amadurecida.

Uma certeza vaga, certa, sem tempo definido.

Ai, vem os anos! Ai, vão-se os anos! Ah!

Eu vou correr pra beira do mar e pedir outra vez

(ao anoitecer)

Pra te encontrar em meio as ondas

Eu vou parar pra ver o céu e lhe esperar voltar correndo

Num abraço. Num laço infinito.

Eu vou provar por a-mais-b o que eu sabia.

(E sabes que eu sei. ) (Nem há de negar) (Há de ser tão tão agradável, macio, confortável.)

Entenda. Nem é para vencer. Tudo são pretextos. O texto é que será.

Eu vou-lhe gravar uma canção que vai dizer por mim. (a tua)

Vai repetir centenas de vezes o que não pode ser dito.

Vai ecoar por toda a vida.

Se não puder jamais ouvir-te antes de mim.

Mas ei! Estou à beira do mar! (observo as ondas)

E pareces que já vem.

Quem sabe se não demoras.

Pra que eu nem precise pegar da caneta.

Nem gravar nada.

É que tenho uma preguiça de morrer

E preferia tanto tanto viver contigo...

Elle Henriques
Enviado por Elle Henriques em 13/02/2009
Código do texto: T1436609