Gata selvagem

Autora: Eliane Martins

Qual o caminho? Alguém faça o favor

de acender rápido a lanterna do amor!

Sinto-me confuso, ah sentimento que cega!

Ofusca o que vejo e nas garras da gata me entrega.

Por favor, afasta-me da lembrança de lembrar

de teus longos fios dourados soltos a balançar,

riscando meu rosto nu que abriga olhar apaixonado,

incapaz de ver o chicote em teu fio - ora liso, ora cacheado,

porém, sempre iluminado! É gata, é assim que gosta de brincar?

Pensa que sou o seu novelo de lã? Diverte-se ao pegar... e ao abandonar...

Selvagem! Você é gata selvagem e não saberia o que fazer com um novelo de lã.

Desconhece a delicadeza da sua trama.Vá por outro caminho, salte e pule no divã!

(...) Mas, qual é o caminho? Alguém faça o favor

de acender rápido a bendita lanterna do amor!

É outro dia. Raios ensolarados iluminam o meu pensar,

vejo meu coração machucado e grito: - gata vá se danar!

Contudo, bem depois de você escalar a sua consciência,

de pensar sobre os porquês da sua, da nossa insistência,

se apresse a me mostrar o caminho que a tua história narra

e permita-me morrer no amor eterno por entre a tua garra

afiada. Arrisco seguir por esse caminho obtuso e arranhado

onde guardo o desejo ardente de te amar e por ti ser amado.

Ah, larga de ser arisca-vai! Deixa de fazer bobagem...

Vem se enroscar em meus braços mansos gata selvagem.