Veja, meu amor!
Veja, meu inabalável Amor,
Um bando de formosas andorinhas
Colorando todo azul de nuvens cinzas
Prenunciando uma nova estação!...
Chegam todas alegria e esperançosas
Logo ao romper do clarão da aurora
No início do dia, ao fim da forte cerração...
Vão sobrevoando pelas serras e serranias
Sobrepujando, despejando seus vis dejetos
Pelos mil montes e as cem campinas
Pelas decíduas folhas do tinhorão
Pelos verdes muros de cercas vivas
Que circundam toda nossa construção...
Mais me parecem raios escuros e inertes
Que desenhos florais pelos ares tecem
Enfeitando toda nova plantação!...
Parecem raios de sulcos escarlates
Que fazem do delírio uma viajem
As portas sensoriais da percepção!...
Sei que sabem que são apenas andorinhas
Que se vão, corredias, pelas escadas da vida
Conscientes e convencidas que apenas uma sozinha
Nunca fará do inverno um império de eterno.. Verão!...