Veja, meu amor!

Veja, meu inabalável Amor,

Um bando de formosas andorinhas

Colorando todo azul de nuvens cinzas

Prenunciando uma nova estação!...

Chegam todas alegria e esperançosas

Logo ao romper do clarão da aurora

No início do dia, ao fim da forte cerração...

Vão sobrevoando pelas serras e serranias

Sobrepujando, despejando seus vis dejetos

Pelos mil montes e as cem campinas

Pelas decíduas folhas do tinhorão

Pelos verdes muros de cercas vivas

Que circundam toda nossa construção...

Mais me parecem raios escuros e inertes

Que desenhos florais pelos ares tecem

Enfeitando toda nova plantação!...

Parecem raios de sulcos escarlates

Que fazem do delírio uma viajem

As portas sensoriais da percepção!...

Sei que sabem que são apenas andorinhas

Que se vão, corredias, pelas escadas da vida

Conscientes e convencidas que apenas uma sozinha

Nunca fará do inverno um império de eterno.. Verão!...

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 15/02/2009
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