A Vizinha

Mal-criado é este meu coração.

Sente-se feliz em me jogar nas ilusões.

Domina meu sangue, minha mão,

que se mete a escrever letras molhadas de emoções.

A mulher da vez é uma vizinha.

Linda, única. Alma pura e sensual.

É um sonho acordado. Tem um corpo moldado à linha.

Suas palavras são poesias ressitadas num sarau.

Mas, como já é de lei,

caio no buraco da dor.

A vizinha pela qual me apaixonei

já tem nos olhos um outro amor.

Restam-me, então, as letras molhadas.

Agora, não pelas emoções, mas pelo sofrimento.

Que já se tornou minha morada

entre as vazões do obscuro e a luz do tormento.

Assis William
Enviado por Assis William em 17/02/2009
Reeditado em 27/02/2013
Código do texto: T1444457
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