QUERIA TER VOCÊ

De Regilene Rodrigues Neves

Queria ter você

Para dividir comigo

Esse pedaço inteiro de amor

Que me provoca carências

Por não ter com quem repartir

Esse sentimento que faz da minha alma

Um lugar cheio de solidão

Sofro de um mal vazio

De lados contraditórios

De uma sensibilidade aguda

Que me fere de uma ausência pontiaguda

Escorrendo lagrimas nas paredes do meu coração

Vestido de emoção acometido de desilusão...

Queria ter você

Para acariciar meus sonhos

Que dormiram esquecidos na alma

Em um porta-retratos sem rosto

Que seja para beijar sua fotografia todo dia...

Queria ter você

Para aliviar meus desejos

Que jaz sem refúgio nas sombras

Dos meus medos!

Queria ter você

Para as horas sem horas

Numa rotina de nostalgia

Que se repete todos os dias

Fazendo o tempo correr

Consumindo segundos e minutos

Sem eu perceber o presente lá fora...

Queria ter você

Para fazer plano

Além dos meus desenganos

Num sobressalto de alegria

Que me arrancasse toda essa poesia

E no lugar colocasse você...

Que adianta mil versos

De estrofes solitárias

Cujo silencio fecunda

Um diário empoeirado

No armário de um corpo

Jogado no quarto sem mobília

Onde eu possa tocar meus pertences

Olhando a ternura em cada pedaço

De um sentimento que toco

Limpando do móvel

Os fragmentos de abandono

Que ali esquecidos

Roubam do pensamento

Lembranças do passado

Para que o presente

Não sinta esse vazio interno

Que jaz o meu inferno

Feito um doente incapaz de se curar

Desse mal de ausência de ter você

Para acordar os meus dias

Para que possam sorrir junto a esse existir

Que só falta você!...

Queria ter você

Para que esse amor

Enclausurado num recanto poético

Pudesse ter a quem doar

Esse monte de sentimento do meu peito

Que me deixa desse jeito emocionado

Escrevendo em mim um poema triste chorado

Que sem você repete uma trajetória

De versos para não chorar!...

Queria ter você

Para me calar com um beijo

E dos meus lábios sugar

Toda essa poesia adormecida

Em ópio de um frasco etéreo de rimas

Que pernoitam noites vazias

E dias esmaecidos de versos sem você!...

Em 19 de fevereiro de 2009