Do livro "Passageiros Do Tempo" - Hoje

O tempo me espera lá fora,
me chama, grita,
enquanto me entrego ao cômodo,
ao inesperado momento.
O tempo espera, exaspera,
rugem trovões, relâmpagos,
a terra se banha.
Fixo-me na taça,
mais e mais sorvo o café,
contraste em cristal
brindando o paradoxo,
feito de uma vida,
nascido de um cômodo momento,
de uma espera que exaspera.
Lá fora o tempo me espera,
tocante, feito de tudo,
vou passando por ele sem vê-lo,
executando trechos da vida
em rabiscos neutros, confusos,
sem nada... Sem nada,... Sem nada!
Apenas um projeto de delícias
em mistura de taças, contrastes
que transformam minha sombra
em uma longa espera...
Pelo nada, nada mais que isto.