Amor (lento recomeço)
Percorro a tétrica noite lacrimosa
A caça de respostas vãs e irreais
Que possam sanar a duvidosa
Inexistência atual dos meus ais.
Pois minh’ alma sempre escura,
Sempre sufocada no ermo da cova,
É acabrunhada pela realidade nova
Que me fustiga o peito de ventura...
Oh! jubilosos e sibilantes ventos,
Forjados nos lábios de minha amada,
Com o seu sopro finaram os lamentos
Que me condenavam a solidão gelada.
Mas pode o corvo ser digno do rouxinol?
Será que um ser em total desarranjo,
Pode acompanhar o voar dum anjo?
Ah! Sou a madrugada, ela é o pôr-do-sol!
Ainda ontem maldizia minha sorte,
Hoje deixo de lado esta ladainha deprimida
Pois encontrei a felicidade em minha consorte...
E como nunca dantes, hoje gozo a vida.