INDIFERENÇAS

Deixei o amor e deixarei o verso.

Meus cantos obscuros não encontram

mais eco em rabiscos paupérrimos.

Há umas distâncias que não alcanço.

Em mim, intempéries sem palavras.

Queria algum canto, um violão, talvez.

Acordes entrando em mim.

Clarear meus cantos com alguma voz

amiga, acordes, acordes que me toquem.

Algo emudeceu em meu peito e há um

peso inesperado em minhas mãos que

impede o parto de pobres palavras.

O dia, a noite e o amor com suas emanações

enganosas deixam indiferentes meus cantos.

Queria outros cantos, um acorde, prontos

para clarear os meus cantos.

Saramar
Enviado por Saramar em 26/04/2006
Código do texto: T145519