CONSTATAÇÃO

CONSTATAÇÃO

Josa Jásper

Sem que pedisses, me exigiste o que eu não dava,

pois, sem pedidos, muitas coisas eu te dei.

Ninguém te deu, no entanto, aquilo que faltava,

e algo faltava, em tudo aquilo que eu te dei.

Como eu te dei o que ninguém jamais te dava

e tu me deste o que eu, de fato, precisei,

menosprezamos o detalhe que faltava:

alguma coisa não me deste e eu não te dei!...

Tivemos tanto que, ao pensar no que não tinhas,

tu só lembraste das mil coisas que eu te dei;

e, repensando em tantas coisas que eram minhas,

a que faltava, entre as que tinha, eu nem notei!

Como notar, se realmente ali faltava?

Também não viste falta alguma entre as que dei!

Sempre te disse que o que eu tinha me bastava

e, assim, criaste essa ilusão de que eu te amei...

Dei-te meus beijos, meus abraços, tempo e vida,

e tu me deste tudo isso ou mais, em troca!

Eu te chamei, sinceramente, de querida;

houve algo em mim que te atraiu e ainda provoca...

Bem que mereces um amor que nunca falhe,

mas meu amor não garanti que não falhasse...

Não há verdade que prescinda de um datalhe

e sucumbimos à incidência desse impasse.

Tu não me deste o amor eterno pretendido,

nem eu o vi, entre o que eu dava ou recebia.

Dessa paixão - que até confesso haver sentido -

não demos nós o principal: a GARANTIA!

Josa Jásper
Enviado por Josa Jásper em 26/02/2009
Código do texto: T1457812