Cartas de amor

Não escrevo cartas de amor,

Pois, só os tolos escrevem cartas de amor.

Quem escreve cartas de amor tem coração de ingênuo;

Coração de quem vive nas nuvens.

A cabeça é como girândolas,

E os pés não andam, flutuam ...

O corpo todo é solto,

Os braços são revoltos,

E as mãos falam pela boca.

Só os tolos escrevem cartas de amor,

Pois, só os tolos pensam com o coração.

Eu, homo sapiens, sou racional.

Só me envolvo em intrincados cálculos...

A matemática da vida me absorve.

Só me dedico ao concreto, ao real...

Felicidade, é tema que não me seduz, não me atrai.

São abstrações que só aos tolos interessa

Pois, é próprio dos tolos a divagação.

Eu, por só preocupar-me com o concreto, com o real,

Não questiono a felicidade. Não perquiro o ser feliz,

Pois, felicidade é o objeto dos tolos.

Eu, homo sapiens, só me ocupa o saber.

Não tenho tempo para ser feliz

- (Sou presunçoso, por demais).

Só os tolos sãos felizes;

Só os tolos escrevem cartas de amor.

José Fernandes
Enviado por José Fernandes em 26/04/2006
Código do texto: T145783