FAZENDA
Entenda a minha pele como uma fazenda
que te protege do frio da solidão.
Não preciso dizer nada:
estou
e sou inteiramente tua.
As horas ferem a nossa vida:
lentamente dilapidados
enxergamos o medo
da morte.
Enquanto vivo, te cubro
e sirvo a um desígnio maior.
Amo e existo
para ti, por mim.
Sei que a manhã pode entrar
como um fogo pela janela
e, de repente, nem mais precisarás
do meu calor.
Mas estarei aqui,
como um pano velho e carinhoso,
a te aguardar.
Quero ser apenas isso:
fazenda
a te cobrir
e esquentar.