ESCULTURA DE AMOR

Tentava inventar-te, como quem toca um violão

Não existias em meu mundo, eu te esculpia,

Talhava, moldava no peito, no centro do ser,

Tua imagem, aquela, justo como queria e pedia.

Teu ser em meu mundo, mundo novo para um novo ser;

Tu, aquele ser que idealizei no coração, sem razão

E me saístes tal e qual, como te pensei, sonhei e amei,

Com amor eterno, mas mesmo antes de te ver, via.

Pois, se hoje és, não és mais do que o que eu queria.

Pensei, com o coração, que serias e, ao ver-te, vi,

Constatei, percebi, que eras de fato o que sonhei.

E nesse sonho, lembro que te tocava como quem?

Como aquele apaixonado poeta, cantor, sonhador,

Aquele que acaricia a cada hora, que ama e chora,

Se desmancha de amores acariciando um violão

Tu, teu coração desconcertado, que tem lugar para mim.

Eu sei, porém, que moro e me aconchego em seu ritmo.

Doce saber que teu coração seria só meu se não fosse só teu.

Somente eu o dono seria desse lindo e doce ser, se fosse.

Que doce seria se eu fosse o dono também dos desejos,

O alvo daqueles teus beijos que não são meus.

Queria ao menos ser a pele do felizardo, teu campeão,

Que será dono também do perfume que não posso sentir;

Dono dos teus sonhos e também do meu destino.

Pois queria que fosses tu a dona dele, do meu destino,

Mas quem será o dono de tudo, pois imagino e sei:

Depois que vi a escultura que eras tu, que fiz, moldei,

Que idealizei, que sonhei, que amei – depois de te ver sorrir

Meu destino, por certo, será, quem sabe, eu sei sim,

Por certo, sonhar e esperar que eu possa um dia ser teu

E tocar-te a cada noite e desconcertar-te simplesmente

Com meus dedos a modelar e descobrir no teu corpo

Os sonhos que sonhei, com o carinho que guardei pra ti

Wilson do Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 27/04/2006
Reeditado em 23/05/2006
Código do texto: T145946