Involuntário

De noite na cama fico pensando

Se tu me amas e quando

Se tu me amas eu fico pensando

De dia eu faço graça

Pra não dar bandeira

Sei lá, tu não vês.

De dia tudo passa

Como brincadeira

Mas de ti estando longe

Olhas nem sei pra onde

Pára e te demoras.

Por hora não vou ter

Coragem de te dizer

Um dia eu vou estar à toa

E vais estar na mira

Não sei se sabes

Que eu sei o quanto

É difícil dizer

Que te amo tanto.

Enquanto isso

O mundo gira

Em mim um interminável fenecer

Cá dentro,

Indecisão pra valer:

Virás um dia me entreter?

Todavia, meu coração,

Este músculo involuntário

Que por ti pulsa e extrapola

Feito a chuva que lava

A terra e leva e molha

A multidão que me olha..

Contudo, nem o vento

Que desordenado sopra

De meu espírito tira

Os pensamentos afoitos

Na cama de noite

Se, à escala

Que te amo tu me amas

Ao relento, no frio

Das ardósias da sala.

Não obstante, transpareces

E me esqueces

Que até parece que é o amor

Uma outra espécie.

Pressinto,pois, jóia rara

Que não pretendes dar na cara.

Invólucro nesta teia que a vida tece

Meu mundo inaflorido empobrece.

A valsa vienense emudece

Todo o universo desaba

Sobre meu sonho, zombaria ou prece

Diverte-se e se cala.

Sem ti tudo fica sem graça

Branco o dia e a noite feito fumaça

Densa acinzentando esta doença passional.

Meu amor por ti não passa,

não dorme, não morre;

só respira e tosse, mal-mal.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 27/04/2006
Código do texto: T146250