Sem Raio De Sol

Apagaram o meu raio de sol

Agora estou só, rumo ao além

Sem a companhia de meu bem

Rumo ao rubro e turvo arrebol...

Nada levo. Apenas um grito frio

Preso no labirinto da minha garganta

Que, se não exagero ou não minto,

Hão de ultrapassar montes e montanhas...

Vago sob as vagas e brumas escuras.

Onde está o formoso e cerúleo quadro?

Perdido em noite isenta de estrela e lua?

Adormecido em algum santo sudário?

Nada mais me dá alento ou me acalma.

Nem ousem arrancar de mim um sorriso.

Ando só... Um maltrapilho sem espírito.

Alguém de quem arrancaram a alma...

Não vejo mais ouro no sol radioso.

Nem prata ou jóia na lua fria e pálida.

Nada cessa o oceano que trago de lágrimas

Que desce em cascatas de pranto sinuoso...

Nunca mais voará a pomba das asas brancas

Nem chilrearão nos velhos beirais, os pardais.

Apenas uma alma a minha alma acalanta.

Mas, essa já se foi... Foi cantar em outros quintais.

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 05/03/2009
Código do texto: T1470920