A CHUVA

De Regilene Rodrigues Neves

O cheiro da manhã

Entra pela janela

A chuva fina parece chorar

Meus sentimentos

Olho pra fora

Meus pensamentos vagam

Sem direção alguma

Se apegam numa poesia dentro de mim

Ilhada numa rotina para entreter m’alma...

Meu rosto mostra um olhar ausente

Tento me aproximar do meu eu

Acaricia-lo de alguma forma

Quem sabe mais uma ilusão me abrace amanhã

E me aqueça de alguma emoção!...

Ainda sonho mesmo que sonhos perdidos

E escrevo meus versos para não chorar

Deixo que a chuva chore por mim

Suas lágrimas de poesia

Escritas na terra...

Sem querer fiquei triste

Disfarcei um sorriso efêmero

Para me alegrar um pouco,

Mas a tristeza insiste...

Talvez seja culpa do dia chuvoso

Ou as minhas feridas que amanheceram doendo

Algumas escoriações de amor

Que teimam em doer

Nem sei por que se jaz no meu peito

Num leito de morte...

Ouço uma canção por trás

Onde estará o meu amor?

Será que vela como eu?

Será que chama como eu?

Será que pergunta por mim?...

Talvez o sol rebrilhará um dia...

Quem sabe a voz da noite

Possa responder onde estou eu onde está você

Ou estamos cá dentro de nós sós!...

Versos esvaíram-se sem carinho

A música se repetiu até que adormeci

No seu ritmo caudaloso...

A poesia de lado na escrivaninha

Espera amanhecer sem utopia...

Em 09 de março de 2009