Do Amor e Da Paixão I

É no silêncio de uma pausa

De um momento em minha lida,

Apenas os ruídos baixos

Que circundam a nossa vida

Fazem fundo ao meu ar sério

Tento ali encontrar as palavras

Para descrever o mistério

Que tento aqui desvendar

Uma confusão sem fim

Que ora venho lamentar

Eis um erro que se comete,

É como são as ondas do mar:

Todos os dias ele se repete

E cuja conta vem cobrar

Até de quem não quis errar.

É a insistente mania

De vestido em fantasia,

O ser humano fazer confusão

Entre o amor e a paixão.

Tomado um pelo outro, é engano na certa

Todos já tomaram, até o grande poeta

Mas o acerto, esse é coisa rara.

Raros aqueles que não quebram a cara.

Porque o ser humano é tão besta?

Gosta da droga, do "sempre mais"

Se o barato acaba, compra outra cesta

E a normalidade gera ódios mortais.

Nunca se pergunta se a balança

Pesa entre satisfação e felicidade

Vive numa espiral que nunca alcança

O exato centro de sua realidade.

Pobre, desequilibrado ser

Confuso, caótico, arrogante

Que procura em vão,

Sem nem perto ver

Que é apenas, e ainda,

Um pequeno infante

E na ordem das coisas, um dia afinal

Na busca pela euforia artificial

Se vê frente à felicidade

Nas sutilezas do mundo (que com prazer, ignora)

E não reconhece, age sem tato.

Permite arrogante, que ela vá embora

E nem ao menos se dá conta do fato.

Passa assim o resto da vida chorando

Por uma paixão que há muito perdeu.

Sem perceber que estava morando

Ao lado do amor, e nem percebeu.

Ah, ser humano...

Não percebeste a tua tristeza?

Que te condenas a ser plebeu,

Num universo de nobreza?

E se agarrando ao que é seu

De si desprende-se a beleza?