FRASCO DE AMOR

De Regilene Rodrigues Neves

Escrevo com a fúria da alma

Rasgo roupas do meu íntimo

E deixo nu: meu corpo.

Exploro-me de amor e paixão

Sentimentos se misturam na minha imagem...

Sem nenhuma expressão

Um rosto bruto

Coração lapidado

Pela vida

Quem sabe uma jóia

Adornada brilhe

Reluza o que minha aparência ofuscou...

Sou o que nada sou

Sou a pena na dimensão de um pássaro

Sou um verso em recôndito âmago

Sou papel em branco entre entrelinhas...

Sou ópio que gota por gota

Derrama de um frasco cheio...

Na pele deixo minha essência

Impregnada de sentimentos

Tenho cheiro de poesia

Exalo pele e poros

Sexo e afeto...

Sou o que era pra ser amor,

Mas o prazo se expirou

E apenas poesia inspirou...

O cálice derramou

A rosa ferida

No espinho se machucou

A pele rasgou

E o coração sangrou

O sangue jorrou

Na proporção de uma poesia

Uma jóia e uma flor!

Sou o que sobrou

Um frasco ainda cheio de amor...

Em 23 de março de 2009