Abrace-me

abrace-me

e abra o aço

que veda meu peito

esse lacre

que criei

em auto-defesa

destrave os cadeados

os elos enferrujados

azeite

as fechaduras

sem chaves

as travas

as trevas ilumine

todos os cantos

com seu olhar

enverede

espalhe as poeiras

abre-me as janelas

e nas frestas vaze sua luz em raios finos

réstias leves

neste deserto peito

resequido e rachado

chova-me

do seu bom

deleite-me

com teus peitos duros

abraça-me

e me aquiete

aconchegue-me em ti

para que eu durma após

e sonhe

feito criança

leve

luva para tuas mãos

canção suave

destrave meu peito

faça-me feliz

nos teus braços