Telefone de Rua
Acho que me lembro.
Agora relembro.
Talvez fosse setembro.
Que mês?
Não importa...
Só lembro que foi lá,
Onde chamam Entorta.
Sei, sei, concordo:
Nome esquisito de vila.
Ah! Mas tal poesia, não vou feri-la...
O outro nome,
Que eu chamei ao telefone...
Ah! Este era lindo!
E o jeito de falar,
E o jeito de sorrir,
E o jeito de não me ver chorar,
E o jeito de para sempre partir...
E o “seu” belo jeito
De não me amar;
E o “meu” triste imperfeito
De não olvidar...
Acho que me lembrei.
Agora sempre relembrarei.
Se era setembro, não sei...
Que fez?
Sim, importa,
No bairro do Entorta,
Lá estávamos eu, e a dor,
Naquela noite sem lua,
Declarando amor
De um telefone de rua...