Telefone de Rua

Acho que me lembro.

Agora relembro.

Talvez fosse setembro.

Que mês?

Não importa...

Só lembro que foi lá,

Onde chamam Entorta.

Sei, sei, concordo:

Nome esquisito de vila.

Ah! Mas tal poesia, não vou feri-la...

O outro nome,

Que eu chamei ao telefone...

Ah! Este era lindo!

E o jeito de falar,

E o jeito de sorrir,

E o jeito de não me ver chorar,

E o jeito de para sempre partir...

E o “seu” belo jeito

De não me amar;

E o “meu” triste imperfeito

De não olvidar...

Acho que me lembrei.

Agora sempre relembrarei.

Se era setembro, não sei...

Que fez?

Sim, importa,

No bairro do Entorta,

Lá estávamos eu, e a dor,

Naquela noite sem lua,

Declarando amor

De um telefone de rua...

Elias Araujo
Enviado por Elias Araujo em 06/05/2006
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