Eu, Poema
Tentei formar-me em versos, seguiram linhas turvas
Vrsos brancos, sem barreiras, sem prisões...
Palavras evasivas, divagantes, pra algo te dizer!
Coloquei-me à disposição de tua espera
busquei em ti o poeta que pudesse em mim se inspirar.
Caminhei por entre estrofes conturbadas
Tentando encontrar o elo pra selar
Um estilo, um sentido, uma razão
Porém fui pego pela métrica ofuscante
Ela, má, não me deixou seguir...
Tentei ser assim, um poema aberto e livre
Um tanto de aventuras que em ti soubesse buscar
E até rendar um som sublime
Promover-me da surdez e te ouvir!
Mas, de novo, a métrica sufocou o meu desejo
E então no anonimato me recolhi...
Tentei deixar de me esconder...
Publicar-te as coisas belas que de mim pudessem partir
Fazer-te sentir aceso, coberto, tornar-te meu autor...
Porém, de novo, com medo me escondi...
E assim vou eu: poema sem poeta
Versos sem rima, sem brilho, sem cor...
Um desejo de ser sentido, tocado, percebido
sem mistérios, sem limites
Por apenas um
O escolhido trovador!
(escrito em 1996)