TODO TEU

Perdoa-me a barba mal feita,

O cabelo em desalinho,

A poesia imperfeita,

Derramado vinho...

É que tinha pressa,

Pressa de chegar,

De ver depressa

Esse teu olhar...

De me entregar à você

Feito presente sem embalagem,

Desembrulhado prazer

Para a longa viagem...

O amor, bem que me disse,

Ela é o seu bem querer;

De olhos abertos que eu visse

A amorosa verdade de ver...

Tem horas que o olhar cessa

De infinita miragem

E se cumpre a promessa

Do fim da estiagem...

Toma, pegue, sou todo teu,

Sem nada tirar, nem pôr;

Brilhante é o coração meu

A iluminar o nosso amor.

Preto Moreno