Vida de ninguém

Eis a menina!...

Aquela que conseguiu arrebatar

de dentro de minh’alma,

o fervilhar de desilusões.

Agora o alvorecer para a vida,

farei contadas, uma a uma, as estrelas

refletidas nos olhos dela.

Andarei descalço ao relento,

sob a procela,

com o corpo molhado, cabelos ao vento.

Sentirei a euforia no seu sorriso de criança.

Lhe darei uma rosa amarela.

Entre conseqüentes sorrisos,

a conseqüência dos meus passos.

Do espúrio de amor findo,

a magia de um novo nascer.

Volto meus olhos,

e entre as estrelas lhe vejo sorrindo.

Ah! Se eu fosse menino,

assim como você, tão pequenino,

e me entendesse como eu posso entendê-la,

junto com aquela rosa...

eu lhe daria também uma estrela.

Mas eu me calo, e minha poesia também.

Você menina, é vida de outra vida,

e eu, continuo não sendo ninguém.