Monólogo de um coração perdido

Um comprimido para dormir,

uma forma qualquer para acordar

e dilatar os horizontes –

e ainda mais: para não voltar

a ser quem nunca fui

de fato – colorindo o retrato

em preto-e-branco pendurado

na parede da vida

tão rica de despedidas

e pobre em alternativas.

Um amor, por favor, um amor

para terminar comigo

e aumentar o caos que vai

da boca ao umbigo.

Uma paixão tão pura, ou puta,

que traga a luz à escura

madrugada que me afaga

a face esquerda e se prepara

para esbofetear

a contrária direção.

Um relógio, um calendário,

caleidoscópio, itinerário,

uma solução lícita para

a dor que paira sobre o meu

coração.

Hernany Tafuri
Enviado por Hernany Tafuri em 14/04/2009
Código do texto: T1539017