LAMENTO DE UMA POESIA SEM AMOR

De Regilene Rodrigues Neves

Quantos beijos

Habitam em meus lábios

Em silêncio devoto de amor!

Quantos olhares

Olhando a distância

Num resto de esperança

De te ver perto de mim...

Quantos medos

Causaram esta indiferença

Afastando-me da tua presença...

Quanta solidão

Permite em comoção

Esta lágrima que chora por ti!

Quanto amor sem rumo

Trilha num caminho estreito

Lado a lado do peito

Feito desejo sem beijo

Da tua boca...

Quantas noites

Quantas luas se repetem

Para que meus dias te esperem...

Quantos sonhos dormidos

Abraçados no teu corpo

E eu aqui sozinha

Bebendo cálices de lágrimas

Olhando a madrugada

Que sem dormir me faz companhia...

Quanta poesia aleatória

Sem destino

Guarda o poeta

Para um amor desconhecido...

Um livro folheado

Nunca declarado

Ao teu ouvido...

Odes sopradas lá fora

Te procuram em pensamento

Por onde andarás amor

Sem minha poesia!

Quantos versos escritos pra ti

Hoje no passado

Guardados de saudades tua...

Quantas lembranças

Em páginas amareladas

Pelos cantos da alma

Sem serem lidas por ti

Porque ali permanecem abandonadas...

Quantas vezes

Li e reli a palavra amor

Sem ouvir que me amavas

Pra quem tantos versos

O coração pronuncia

Se nunca leu

O que pra ti ele escreveu

Com tanto amor!

Quantas vezes

Terei que me questionar

Porque ainda te escrevo

Se a resposta anda solitária comigo...

Sei que ainda escrevo

Porque sou poeta

Que sobrevive de poesia

Quem sabe um dia

Alguém pra te me envia

E eu sem saber te acaricio

E tenha significado tanta poesia

Nesse lamento de amor!

Em 18 de abril de 2009