Amor esfacelado

Só restaram músicas tristes em um fundo vazio de sentimentos,

Retratos rasgados no chão de um quarto fechado para o mundo,

Lembranças forçadas a um esquecimento trancado num porão abandonado,

Vontade de jamais sentir novamente algo que faça acreditar que vale a pena

Amar...

Dos passeios no parque em tardes de enamorados cisnes no lago só a janela solitária,

Um portal para a paisagem que some atrás das cortinas escuras cerradas,

Não sobrou nem o sabor do sorvete de limão dividido num dia quente de verão,

Agora somente as chuvas e o vento do inverno batem à porta para nunca mais

Amar...

Nenhum toque distraído de mãos ansiosas em início de relacionamento,

Esperando saber se aquela pessoa ali também deseja o mesmo, também sente igual,

Tudo se esfacelou como uma taça de cristal lançada contra um rochedo intransponível,

Agora somente as cicatrizes na palma da mão que tentou colar os cacos e desistiu de

Amar...

Os planos foram rabiscados no caderno da vida por esferográficas rudes sem nenhuma arte,

O destino desmanchou sorrisos como ondas revoltas fazem com castelos de areia na praia,

Somente a solidão do um continua sentada solitariamente num degrau da biblioteca,

Tentando encontrar nos livros das ciências exatas uma explicação para os perigos de

Amar...