PARA SEMPRE
Em que esquina nos perdemos, larguei tua mão,
chuva densa, trânsito pesado, desaparaceu?
Eu gritava teu nome, era como se gritasse o meu,
olhares se voltavam, perplexos, debaixo dos guarda-chuvas,
meu rosto crispado, lágrimas desciam lentamente,
teu nome, teu nome, teu nome, onde estás?
A música vinha de um lugar distante, roía o ar,
um lenço vermelho sobre a mureta, amassado,
dentro dele um pedaço de papel, um número
de telefone escrito as pressas, manchado,
como se houvesse achado uma única saída
corri ao telefone mais próximo, liguei,
não era, número errado, ninguém com esse nome,
senti que estava só, perdera a única chance,
saí da cabine, a chuva aumentara, escurecia,
um toque no meu ombro, tímido, era você,
se perdera, me procurara, gritara por mim,
por acaso os caminhos se cruzavam novamente,
apertei suas mãos, o fogo, o calor, a certeza,
encontrara meu amor, que havia conhecido
algumas horas atrás, sorriu, sorri, caminhamos
sob a chuva torrencial, lavados de alma,
calmos como uma árvore sob a tempestade,
nos olhamos, cúmplices, felizes, para sempre.