ESSE AMOR...

É poeira que não se assenta,

areia em água baldeada, turva

Ou grânulos de falsa neve

em bola de vidro que não quebra

Mas é preciso sacudir para ver!

É preciso tocar a neve para sentir a textura!

E vê-la derreter nas mãos, nos dedos, na pele.

Esse amor...

É um “não sei quê” de vago, algo que faz falta

Incompletude do não ter,

doce roubado, brinquedo quebrado

Chuva escassa, sede que não passa...

angústia de não ser.

Sagrada perfeição, adorado pecado do querer

Pacto de sangue! na lâmina, corações cortados.

Esse amor...

De pensamento sempre junto, como páginas molhadas

De dias tristes e divididos que se findam...

Definham como qualquer criatura doente

Como toda fragilidade que enferruja o elo

Ruindo, singrando as horas em muitos duelos

Esse amor...

Que atura tudo, se atura, sem álibi e sem abrigo

Chegando e partindo no pior momento

No dia de maior calor e outro de maior chuva

Sem beijo de primeiro encontro, sem adeus chorado,

Sem final... feliz ou triste... nada está acabado.