O MEU AMOR
Todas as estrelas tem dono, nome, números, datas e lugares,
antes abandonadas ao céu da estrela de hidrogênio,
esferas iluminadas pela soberba capa do sol...
O que mais posso te dar?
Não tirarei o inseto do caminho,
nem prendê-lo-ei, brinco vivo,
brinquedo triste e morto...
Não apanharei pássaros em pleno voo,
incapturáveis que são pela mínima emoção,
matemática impraticável sob o Éden celeste...
Não me foi ensinado arapucas, gaiolas,
cocares, gritos, pios e sussuros,
morte lenta da doçura...
Toma.
O que te dou não tem forma, bojo, pontas, catetos, vértices.
Não é de se ver, de se cobrar medidas.
O que te dou amigos não se dão,
Inimigos nem se compare.
Sou um homem que ama com a entrega de um sacrifício,
Que revista os bolsos a procura de um poema inacabado,
Que sabe o quão longa é a noite até a manhã do amor...
Toma.
É tudo o que tenho.
O que trouxe, o que poli,
o que trabalhei, o que tornei vazio
de queixumes, desperdício, dor:
Toma: é todo seu o meu amor.