AMARRAS

Dos amores que se vão,

Ficam brasas adormecidas,

Escondidas em segredo,

No fundo do coração.

São verdades inconfessáveis,

Lembranças inapagáveis,

São o alimento da alma,

Dos que viveram paixões,

Incendiadoras de corpos,

Na mais louca das entregas.

Os amores que se vão,

São amarras de correntes,

Inquebráveis pelo tempo.

São aquela saudade,

Ardida que nem pimenta,

Que renasce em algum momento

Da nossa fragilidade.

Dos amores que se vão,

Ficam eternas lembranças,

Que nos subjugam e nos tomam,

As rédeas do pensamento;

Que queimam e dilaceram,

Na semi inconsciência,

Da realidade intocável,

Os amores que se vão

São como fotografias

Nos álbuns de nossas vidas.

São o tempero com gosto

De limão adocicado.

São dores passadas,

Mas tão fortes e intensas,

Que não queremos que morram,

Que nos abandonem,

Nos deixando órfãos

Das chamas das paixões

Vividas no passado,

Lembrando o presente

Do outono de nossas vidas.

CONCEIÇÃO GOMES