ÁGUAS PASSADAS

O cheiro da chuva
sufoca a janela
molhando a vidraça
por onde inda passa
um retraço de luz.

A rua é, somente,
um espaço vazio
tremente de frio
na luz dos faróis
dos carros que fogem
do meio do nada
com medo da noite
que teima em chegar.

No cheiro da chuva
procuro o teu cheiro
de banho tomado,
de corpo molhado
de seiva e suor.

No chão do meu quarto
mais nada de ti.
As marcas deixadas
da tua nudez,
a chuva desfez
nas águas passadas...

Odir, de passagem