CHUVA DE OUTONO

Preso entre paredes, a noite chora, são gotas intermináveis,

a saudade bate, como refém da escuridão de meu quarto,

recorri a pensamentos, me peguei no passado, presente,

mas queria saber também do futuro, mentira, eu não quero saber,

porque poderia imaginar em te perder, ai me faltaria o chão,

palavras de amor, o som do telefone que escolhi pra você,

não sei se eu poderia ser o mesmo,

quem sabe perderia minha identidade,

não sei, não quero saber do amanhã, mas do presente,

este que me permite tê-la junto a mim, ainda chove, olhos abertos,

o vento frio que passa pela janela me faz sentir a falta de teu calor,

olhos claros, lábios ternos, o abraço apertado, o som do sorriso,

sinto você aqui, tua pele macia, teu cheiro,

ah! Saudades, decididamente não quero o futuro, não agora,

porque neste instante tudo que me rodeia tem sua forma,

teu jeito, a chuva que me envolvia e que me trouxe você,

amainou, com a estiada fez o silêncio, me tornei você,

louca paixão, inesquecível chuva de outono.