OS SAPATOS QUE NÃO TIVE

Se eu sair da fina linha

ou borrar as letras,

não riscaria o que temo.

Arriscaria sim, a palavra extrema

para dizer do ganho e das perdas.

Dos “dias diferentes”

do pisar firme à terra, rente!

Me extinguindo se pudesse ter.

Matando se pudesse fazer viver

um momento.

Um momento,

apenas um...

Diadema que circunda minha fronte!

Minha luz que renasce no horizonte!

Vento morno a me bater o rosto, incomum!

Fotografia “caramelo” do meu álbum.

Tenho saudades todos os dias...

daquilo que sei, mas não disponho.

Como os sapatos que minha mãe não comprou.

Mas gastei até a sola do meu sonho.

Nunca calcei, mas o querer nunca acabou.