Nossa Obra

Como é triste o ser humano

Ter que isolar-se de si

Com medo até de guri

Neste viver tão insano

Porque é uma ponta de cano

A batuta dessa orquestra

Que mata rouba seqüestra

Tornando-nos presidiários

E sem sermos nem primários

Nossa liberdade arresta.

E a rica e a modesta

Famílias no abandono

Passando noites sem sono

Porque regendo essa orquestra

Muito já se viu à testa

O prefeito o deputado

O PM e o delegado

Com soldo da sociedade

Sendo peões na verdade

Do crime organizado.

E vem da politicalha

Que mente em sociologia

Em absurda algaravia

Que defende e espalha

A solução mais canalha

Que é reduzir a idade

Para a imputação penal

Sendo que há necessidade

De mais sensibilidade

Para conduzir o social.

Pois só com o capital

Para a construção de prédio

Nunca se fará o remédio

E a cimento areia e cal

Jamais vão curar do mal

E ao agir na conseqüência

Negarão a própria ciência

Prendendo gente pequena

Que desde a sua nascença

Já começa a cumprir pena.

O que é preciso é vergonha

E vontade de mudar

Ao invés de aí ficar

Como um bando de pamonha

Querendo matar cegonha

Para resolver o problema

Parem de fazer cinema

E obras de ficção

Pois para este teorema

A vontade é solução.

E o que há de mais urgente

Do qual depende o sucesso

É extirpar do congresso

E da justiça doente

Esse câncer recorrente

Que volta a cada eleição

Trazendo a corrupção

Cada vez mais resistente

E a gente preso impotente

Vendo morrer a nação.

Depois é deixar o povo

Eleger prioridades

E expressar nossas vontades

Construindo um país novo

Onde possa todo ovo

Ter ninho para ser chocado

E depois de descascado

Quirela e um bom galinheiro

Onde não seja cooptado

Pelos galos quadrilheiros.

Porque aí é que o perigo

Já principia a rondá-los

E sem ninguém para amá-los

Logo que cai o umbigo

Conhecem o único amigo

Que os alimenta e acolhe

Então a infância encolhe

O adulto chega mais cedo

E sem opção escolhe

Um fuzil como brinquedo.

Vamos falar a verdade

Chega de demagogia

Que a culpa dessa anarquia

No campo e na cidade

É de toda a sociedade

Daquele que vota errado

Ao político arrendado

Que vive criando imposto

Para pagar o emprestado

Ao corruptor sem rosto.

Também têm culpa demais

O bando de irresponsáveis

Os famintos insaciáveis

Que não passarão jamais

De atletas sexuais

Não que sexo seja feio

Não vamos fazer rodeio

É bom andar namorando

O que não pode é do meio

Sair criança penando.

Pois esses atos impensados

E ademais inconseqüentes

Deixam muitos inocentes

Órfãos de pais mal-criados

Pelo mundo atirados

Muitas vezes pela rua

Cobertos só pela lua

Dormindo em papelão

Descobrindo a vida crua

Sem amor nem proteção.

Enquanto seguem no esporte

Os campeões e suas conquistas

Verdadeiros recordistas

Da ejaculação mais forte

Onde só eles têm sorte

E a guaiaca sempre cheia

Para os vícios e a função

Mas precisam de maneia

E freqüentar a cadeia

Para pagar a pensão.

É conclusão enganosa

Culpar só a governança

E condenar a infância

Que se torna criminosa

Pois mesmo que vergonhosa

A verdade é hialina

E de forma cristalina

Vê-se que o que nos acossa

Essa maldade menina

É só a infância da nossa.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 18/05/2009
Reeditado em 09/04/2015
Código do texto: T1600100
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