POEMA OFERTADO AO FIM DA TARDE

O dia que já se fez

mais límpido

Já se faz derradeiro.

Lá e aqui.

Sova o metal o ferreiro

moldando o sonho que não rui

Papagaios no céu

Mergulham no ar

pra farra da molecada

de olhar feliz e brejeiro.

E a costureira enfadada

de pensamento ao léu,

borda nos tecidos da memória

Uma xícara de café,

Um raminho de sapé...

E como o dia já se faz

à meia luz do ocaso,

com um risinho matreiro

Prega o desejo em forma

De renda e, rende-se

à fenda que nunca se fecha.