O Nosso Amor

O nosso amor não é amor comum.
O nosso amor não é como qualquer um,
gerado que foi nas lonjuras do tempo,
amamentado que é no seio da vida,
gestado que está sendo nas planuras do sempre.

No nosso amor há de ter uma pitada de ontem,
há de ter a realidade do hoje e a expectativa de amanhãs.
No nosso amor há de ter muito de tarde,
um pouco de noite e muito mais de manhãs.
O nosso amor há de trazer o opaco do grafite
e o brilho dos diamantes.
A certeza do presente e a dúvida do antes.
A fragilidade das crianças e a fortaleza dos gigantes
O nosso amor há de trazer a prudência dos sábios
e a inconseqüência dos mais infantes,
a frugalidade do amanhecer campestre
e da urbe trará a cor do crepúsculo esfuziante.

O nosso amor trará a serenidade da paz,
colhida em meio à guerra,
e germinará na aridez do jamais
e florirá e se espalhará por todo o ventre da mãe terra.

No nosso amor há de ter curvas e retas,
idas, vindas, afinidades, discordância.
Há de ter a suavidade da melodia
mas também se alimentará de notas dissonantes
e terá o viço das coisas da lua nova
e se propagará, mesmo sendo o luar de fase minguante.

Nosso amor jamais será frígido,
talvez rude, severo, agreste, como a natureza dos animais,
mas sem nunca perder o contágio da magia dos amantes,
nem a alegria de antigos carnavais.
Às vezes será o nosso amor inefável, até absurdo,
por isso mesmo não é qualquer um: é amor acima de tudo.