De como Amar a uma Estrela

Amá-la intátil mas sentindo dor

Beijando beijos com lábios de luz

Abraçando o espaço do universo-cruz

E cantando mudo os cantos de amor.

Em anosmia farejando o medo

Que marca ácido o tronco da língua

E o da ausência paladar azedo

Que fere sangra dói e mata à míngua

Desesperado e ensurdecido dela

Aprisionado na dos anos cela

Contando dias implorando ao tempo

O cumprimento que não acelera

Da “Paene” perpétua pena tão comprida

Das injustas velas que tem pra apagar

Pedágio caro que nos cobra a vida

Se nos perdermos na estrada do amar

Como uma rosa que sobe a montanha

E se conserva morta no lençol da neve

Ou navegando em sonho-barco leve

Quando a onda-fera do tempo o apanha

E a mesma mão que o leme não alcança

Também não pode tirá-la pra dança

Mumificaram os gestos sedutores

E o seu “tambor” apressa os remadores

Que remam e remam no barco bufão

Mas a nau medrosa não sai do lugar

Perdendo as forças remam o tempo em vão

A história madrasta não quer navegar

Enfuna as velas com as brisas calmas

Desrumando a vida pra rota das almas

Dorme sonhando na macia alfombra

Se embriagando com a espera a ela

Reza que desça de sua passarela

Para alumiar à iludida sombra

Que canta ao astro seus cantos de longe

E a segue amando como a vida quer

Amando à Estrela com amor de monge

Até que um dia amanheça mulher

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 24/05/2009
Reeditado em 25/05/2009
Código do texto: T1612906
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