"Algo que possui seu valor"

“Algo que possui seu valor”

De que adianta uma palavra que cai ao vento, de que adianta ouvir a repetitiva velha canção, se o vento gelado é tormenta e a canção é apenas adereço de inútil decoração.

De que adianta ouvir ordinário elogio, de que adianta ouvir caprichoso sermão, se o elogio é uma farsa banida, nada vale teu tristonho sermão.

De que adianta apoiar a cadeira quebrada ao relento, de que adianta romper a madeira de tua imaginação, se a cadeira não te acomoda e a madeira partiu-se com as mãos.

De que adianta colher as flores, de que adianta pedir perdão,se as flores já estão mortas e se a falha não tem perdão.

De que adianta transpirar velhacos desassossegos, de que adianta ansiar por momentos irrisórios de inspiração, se o desassossego é uma dúvida consigo mesmo e o ilustrado lampejo de inspiração dorme sem acalento.

De que adianta satirizar a noite em que esquecemos de dar risadas, de que adianta muita confusão, a vida não dura nada; utópica convicção.