PAULISTANA

O negro dos teus olhos consome

a luz que do céu respinga no asfalto.

São faróis que não apontam ao mar!

É quando dentro de ti eu ardo

onda: nas rochas insisto em quebrar!

Sobe a água em espuma flutuante

dançante no céu escuro teus cabelos

colore cada ponto de luz em estrela!

como gotas de esperança em revê-la

como vaidade que reside meus apelos!

Entenda, mulher, o mar sempre Está!

Se não navegas já, te ganho outrora!

Revolto e inquieto mas imenso demais

te abrigarei em tempestade agora

minha constância não espera pela paz!

E quando cai a tarde onde quer que seja

minha alma a tua voz logo deseja

Que me sopres no ouvido brisa quente...

recado do teu corpo, com sede, incompleto

domino tua boca, à tua pele penetro!

Mulher, nua a rua não te aceitará!

Deite em mim, que sou malha urbana

edifício concreto em galeria subterrânea!

e no grito final terás saída para o mar!

E no céu da cidade: tua luz paulistana.