Sua beleza

Se dentre todos os poemas já escritos

Os mais comuns são os destinados a enaltecer a beleza

Isso não os torna nem um pouco antiquados

Ao contrário

São tão lindos quanto o objeto de sua inspiração

E munido desse pensamento

Escrevo-lhe um poema

Despido de quaisquer formalidades

E que tenta com simplicidade

Descrever a sua complicada beleza

E que não entenda complicada como ruim

É que realmente o é

Uma beleza complicada

Complicada pra mim

Diria quase mágica

Diria quase perturbadora

Uma beleza estonteante

Uma mistura alva e dourada

Que tomou a forma de mulher

Linda

Emana uma aura de qualquer coisa

De qualquer coisa boa

De qualquer coisa desesperadora

O desespero daqueles que vislumbram o incompreensível

É quase um Sol

Que queima os olhos

E mesmo assim a beleza não se pode negar

É quase uma feiticeira

Que quando passa aperta o coração de todos

E mesmo assim não desviam o olhar

É quase tanta coisa

Que é impossível definir

E mesmo assim vale a pena tentar

É um mistério tão grande

Que só me cabe parar e admirar

(E não há versos que mais me lembrem você

do que esses dois últimos.)

(Rio, 2007)